6 de mai. de 2009
O universo e além
ão é propriamente um conto de fadas o estopim, mas foi-me certamente soprado pelas fadas o conto que conto a seguir sem desconto. Quando menino, por volta dos meus oito ou nove anos, talvez, fiquei dias e dias perturbado com a seguinte observação: se o universo, e olhe que o universo naquela época era ainda de meu tamanho de menino!, com suas estrelas, planetas, cometas e que tais, ocupa todo esse espaço, é sinal que esse espaço já existia antes que tudo aparecesse. Se é assim, ou mais ou menos assim, o que significava o espaço vazio, sem nada, nadica de nada dentro? Ele já estava aí esperando ser preenchido? Que coisa mais sem jeito!! Aí me dei conta que o espaço cheio precisava do espaço vazio para existir e vice-versa. Hoje eu diria que o todo faz parte do nada e este precisa do todo para ser em si. Não sei se os físicos gostam da idéia, mas para mim faz sentido e me fez acalmar na época e até hoje, embora já com prolongamentos que suspeito interessantes. Por sinal, comentei o achado com o meu pai e lembro de ele me dizer que eu não ficasse preocupado porque há coisas na vida que não têm explicação racional, elas apenas são! O mesmo que disse Ronald Laing, anti-psiquiatra inglês, já falecido, em palestra em Belo Horizonte em 1979 ou 1980 em um dos auditórios da UFMG. E se, como dizia um professor meu de mestrado, romeno, Nicolas Georgescu Roegen, na Universidade de Vanderbilt, EUA, tudo em ciência é verdade até que provem o contrário, logo a minha verdade é ciência até que ela caia de madura ou ou deixe de ser um tranqüilizante para mim.
José Carlos Peliano, 61 anos, poeta e economista.
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