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16 de mai. de 2009

Acontece


m dia fomos os dois ao parquinho, meu neto e eu. Ele ia vestido de Batman, todo crente de si. De repente uma moça se aproximou e perguntou: -“Qual é o seu nome quando não está com essa roupa?” E ele, ainda crente de si, respondeu calmamente: “Bruce Waine!”

Naquela época ele tinha por volta dos 4. Chegando aos 8, a situação já era outra. Depois de andar um tempo a cavalo numa fazenda, ele de mim se aproximou para ouvir uma estória. Foi quando eu contei uma aventura de cavaleiros, com peripércias mirabolantes até chegar a hora em que o cavaleiro deu um salto fenomenal e chegou na lua! Foi quando Guilherme, não mais Bruce Waine, reclamou: “Vovó, por que você não conta estória de alguma coisa que acontece?


Baseado no depoimento oral de Ana Nogueira, artista plástica.

2 de mai. de 2009

Menino do diabo

Querida Adriana,
eu gostaria de contar minha experiência com estórias de quando eu era criança. Não é exatamente conto de fadas porque afinal eu era um menino e me interessava mais por super-heróis, monstros e alienígenas.

ascí em 66 e fui criado numa família católica praticante em Juiz de Fora, Minas Gerais. Como eu era o filho mais novo, quase tudo que eu fazia era adorado e incentivado pelos meus pais, irmãos e tias. Logo cedo eu me interessei por desenhar e claro que todo mundo dizia que eu era um gênio... pfff Tanto que hoje em dia sou músico. Agora, o mais curioso é que eu adorava desenhar monstros, caveiras e gente descarnada. Era natural... meu herói preferido era o Drácula. Eu pirava nas estórias de terror e desde cedo eu sentia no ar um certo pavor provocado pela guerra fria. Sonhei várias vezes que, ao sair da casa de minha vó, que ficava em frente à minha, eu via no céu um ataque de discos voadores. Minha mente era muito criativa e no fundo meu contador de estórias favorito era a televisão, ou antes dela os livros e quadrinhos.

Mas, com o passar do tempo, meus desenhos foram melhorando, ficando mais detalhistas, mas ao mesmo tempo uma certa sensação incômoda foi me fazendo cair a ficha. Eu gostava de ficar desenhando aquelas barbaridades justo na mesa onde todos rezavam o terço todos os dias à noite. Me lembro de um certo calafrio me tomar e uma idéia na mente, alí cercado de imagens santas: Seria eu uma espécie de anti-cristo ou menino do diabo?


Paulo Beto, 42 anos, músico.

Blog do Paulo Beto