17 de mai. de 2009

O Saco


sta é uma história real. Mas eu não sei se é um sonho.

Eu tinha quatro anos de idade. Morava no limite entre a cidade e o fim da cidade. Ali tinha muito mato, lotes vazios, montinhos de terra. Um certo dia eu saí de casa e aindei até o campinho, destes de terra batida mesmo; não era gramado não. Ali eu já tinha brincado de rolar pneu comigo dentro dele. Tudo estava vazio, não se via ninguém. Ao fundo do lote, mais afastado da rua, havia uma matinha com um córrego lá embaixo. Andei até uma casa branca com janelas de madeira. Caminhei acompanhando o muro da casa, e quando me virei na sua quina, tive o maior susto de que consigo me lembrar. De pé, em minha frente, entre a casa e a mata, estava um saco. Um saco destes de linho, que serve para carregar batatas, serve para carregar areia, serve para carregar muitas coisas. Mas não era um saco comum. Tinha desenhado nele uma face, dois olhos e uma boca, quase três linhas somente, o que não era pouco. Um horror completo me fez estremecer.

Aquele saco não era só um saco, tinha vida. A prova disso é que ao me ver ele se jogou em direção à mata, e rolou até lá embaixo. Isso eu não vi, porque fechei os olhos com força e corri.


Luís Santiago, 22 anos, estudante de arquitetura.

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