23 de set. de 2009
Bruxeta e Bruchanel
ruxeta, malemolente, dengosa, insinuante, é chamada por Bruchanel com urgência. Bruchanel trajando um modelito do estilista mais nojento do pedaço, um longo preto com babados de abóboras, rendas de teias de aranha e um decote com cortes de peixe espada, elegantérrima, diz a Bruxeta: vá e dê uma poção desastrosa para Alice, que deve estar no País das Maravilhas, transforme-a na apresentadora de TV mais inoportuna que você já tenha tido notícia! Chega de maravilhas o tempo todo, ela não pode e não deve ser mais que eu que vivo nas maravilhas das trevas, de bruxarias em bruxarias insuperáveis, e nunca sou lembrada por ninguém, somente nos contos das outras, das fadinhas de nada, quando então sou morta ou transformada em sapo fedorento ou confinada em estátua sem qualquer charme ou roupa de grife! Bruxeta vai mas volta logo.Bruchanel irritadíssima pergunta o que aconteceu e a esquentadinha responde: olhe, fui e quando deparei a casa toda desarrumada vi que era a Gata Borralheira, mas sem antes verificar que ela estava dormindo como a Bela Adormecida e, como estamos no inverno, totalmente pálida como a Branca de Neve. Afinal, fiquei sem saber quem ela era e vim me certificar com você! Bruchanel totalmente tresloucada de raiva num golpe inolvidável transforma Bruxeta no bicho peçonhento que ela mais detestava: uma imensa hidra gosmenta. Não deu outra, a hidra antes molhadinha e agora gosmenta se chateia como nunca dantes navegara, se explode de brucharia e avança de repente, abre as pernas, ou melhor, os tentáculos, e se apodera de Bruchanel, devorando-a inteira com um prazer exponencial. Ficaram as duas brigando uma com a outra, uma dentro da outra, se uma bruxa sozinha já é um desassossego, duas então numa só um destempero incalculável. Uma queria ir para um lado, a outra para o outro, uma queria ir ao banheiro, a outra à cozinha, uma dormir, a outra esfriar a periquita. Ficaram as duas nesta situação pelos séculos dos séculos para alívio das fadas, duendes e a comunidade das santas e santos do mundo afora. Moral da estória se é que estória tem moral: em bruxarias, não deixe outra bruxa se meter, se não o feitiço acaba com a estória!.
José Carlos Peliano, escritor.
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