7 de out. de 2009
O horror nos contos de fadas
beleza e o horror do pé de junípero, com seu principio extraordinário e trágico, o abominável cozido canibalesco, os ossos repulsivos, o alegre e vingativo espírito do pássaro que emerge de uma nevoa que se erguia da árvore, permaneceram comigo desde a infância, e no entanto sempre o principal sabor dessa história presa na lembrança não foi a beleza nem o horror e sim a distância e um grande abismo de tempo. Sem o cozido e os ossos – de que as crianças de hoje são muito frequentemente poupadas em versos suavizadas dos Grimm – essa visão teria se perdido em larga medida. Não penso que fui prejudicado pelo horror no ambiente dos contos de fadas, não importa de que obscuras crenças e práticas do passado ele possa ter vindo. Tais narrativas têm agora um efeito mítico e total... elas abrem uma porta para um outro tempo, e se a atravessarmos, nem que seja por um momento, estaremos fora de nosso tempo, talvez fora do próprio tempo.
Tolkien
Entre as leituras por excelência para crianças constam contos de fadas (...) o mergulho nesse mundo mágico não é sentimental ou vago; desemboca numa percepção precisa do cotidiano. Esse universo lúdico e de magia não tem nada a ver com a romantização do mundo feita em nome dos contos de fadas pelos adultos. O mundo autêntico dos contos não é idílico, é belo e cruel. Suprimir nos contos o canibalismo, ou modernizá-los para um mundo de fábricas e de concreto armado ou ainda adaptá-los às necessidades humanas, como querem certos pedagogos, liquida com essa forma de cultura.
Walter Benjamin
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puts, nunca vi os contos de fada sob esse ponto de vis, mas o seu blog e muito bom abraços, virei sempre aqui agora
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